sábado, 17 de agosto de 2013

Alvorecer.




 Nem meu nome pronunciaste
 Sumi na fumaça do cigarro em tua boca
 sob a neblina vi fugir teu corpo
 Teu beijo em branco e preto.
 Negaste-me teu afeto, o peito
 morri noites a fio e só você não viu

Tal como a fumaça do teu café vai embora,
 Levando o cheiro gostoso da manhã
 Meu amor por ti também anda evaporando
 E ele já não me esquenta mais

 Por vezes eu o inspiro, pra ver se meu sangue absorve
 E, assim, parar de volta no coração
 Essa estação fria que tu deixaste em mim,
 Um entremeio de inverno rigoroso e outono brando
 Essa solidão que tu me deixaste

 Falta eu nela
 Porque eu não estou aqui nem aí
 Perdi-me no meio do caminho
 A fumaça do teu cigarro tapou minha visão
 O aroma do teu café privou-me do olfato
 E este frio tremendo me tirou o tato

Mas ainda sinto-o aqui,
como se deitasse cansado ao alvorecer do dia o meu lado
e com um ultimo suspiro
sinto queimar a mesma chama de antes
porém, agora fere

Você é como uma faca
sobre minha carne crua

você é a ferida aberta, escancarada
a tradução mais cruel que o amor possa ter

Prazer maldito!
Lembrar-te faz lembrar-me de mim
dos poemas, das brigas, do teu jeito de ir e voltar
como se soubesse que eu sempre fui sua

A luz da rua desenha teu rosto no invisível
Se você soubesse o quanto ainda sinto
jamais diria adeus
Se eu soubesse como dizer
esconderia de nós o segredo

Eu me dispo.




- Danilo Pinto e Andressa de Melo

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