domingo, 19 de maio de 2013

Ainda bem que a gente cresce

    Lembro, não por memória, mas por vídeo, que na minha festa de aniversário de 1 ano eu descia até o chão ao som de "Na boquinha da garrafa", acho que esse era o hit de 97, nunca procurei saber, como nunca tentei entender por que a mistura do Brasil com o Egito me encantava tanto. Porém, ainda acho melhor que a balada boa de Gustavo Lima, mas ainda bem que a gente cresce.

  Eu já escutei Sandy e Junior, ou seria Sandyjunior? Enfim, eu o(s) curtia. Não sou tão velho, aliás, nem velho eu sou, mas eu tinha o CD físico de "As quatro Estações" e no toca CD do carro eu cantava Vamo pulá lindamente ruim aos 6 ou 7 anos de idade. Ainda bem que a gente cresce.


   No clímax dos meus 11 anos eu senti o fogo, o fervor, a chama da putisse, a vontade voraz pelo gosto do oposto, os pelos crescendo, a puberdade! Nome que me soava estranho, lembrava punheta, que até então era uma lenda que pairava pelo ar. Mas a questão aqui não é masturbação e sim minha relação para com o desconhecido mundo da conquista. Meninas sempre me pareceram desinteressadas por mim. Aos 11 eu me apaixonava toda semana por uma diferente que chamasse meu nome, que trocasse olhares, que me dava tapas, chutes, desprezo. Não era um lance sadomasoquista, era só uma desculpa pra ser lembrado. Mesmo que fosse por um xingamento. O prazer era a paixão da semana me chamar de chato. Eu puxava o cabelo, eu chamava de feia, praticava o bullying, mas no fundo era amor ou quase isso. Meninas, aqueles seus grupinhos, seus risos, me matavam de curiosidade e medo. Mulheres ainda me matam de curiosidade e medo. Ainda bem que a gente cresce.   

  Aos 13 anos fiz meu primeiro poema de amor. Consistia em um desarranjo de ideias em que a cada duas linhas se repetiam pelo menos uns quatro "te amo", erros gramaticais nem comento. Ainda bem que o amor foi platônico e o poema nunca ultrapassou a porta do meu quarto. Ao ler minha própria arte escrita, sentia como se Neruda nunca tivesse chego aos meus pés. Do mesmo amor cultivei a desgraça de passar horas e horas procurando em comunidades um depoimento fofis pra eu mandar pro Orkut do tal amor. Quem nunca, no tempo do orkut, fazia  isso que atire a primeira pedra! Não em mim, por favor. A história se repete em páginas cafonas de amor do facebook. O pré adolescente apaixonado sempre arruma um jeito para se mostrar amando e que vai se envergonhar depois. Minha oração aos que não se envergonham. Ainda bem que a gente cresce.

  Primeira namorada, primeira crise de criatividade para nomes amorosos. Acabei caindo no velho conhecido "amooÔr" que nas trocas de mensagens virava "amr", e nas horas mais românticas virava "amorzaum" , não foi nem um mês de namoro. Graças a Deus! Nomes amorosos é criação do capeta ou vai dizer que uma menina(o) chamando o namorado(a) de "vidão" "bebezão" "plincesa" "paixão" ou "pachão" não merece queimar junto com o Satanás? Claro que merece! Sem contar os que insistem em diminuir a idade mental que já não é lá das melhores e retrocede pro ta-tibi-tati. Ainda bem que a gente cresce.

 Não desmereço a vergonha de cada momento, até porque sem elas esse post não iniciaria meu blog e muito menos eu iria entender a razão pela qual jovens usam bonés de aba reta, fazem um som estranhamente ruim e se intitulam indie, tiram foto na frente do espelho fazendo bico, comem Mc'Donalds. Merdas são necessárias. Ainda vou ler esse post depois de um tempo e dizer: Ainda bem que a gente cresce. 

  




PS: É o post de estreia, viva!
Pss: Viva o casamento homo afetivo legalizado!!
Psss: Viva a sociedade alternativa!!!
Pssss: Aos que leram esse post e viram que não cresceram, vocês ainda tem tempo

Psssss: Se não querem crescer, lhes digo uma coisa: Roberta Miranda pra vocês
Pssssss: Roberta Miranda =Se o amor não está aqui / Vai com Deus 

Beijos e cultivem o amor. 

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